Depois de algum tempo, o Manias e Notícias retorna com o
quadro de entrevistas, e hoje teremos aqui um rubro-negro muito especial,
bastante conhecido no Twitter: Gustavo Arruda. Jornalista de São Luís-MA, tem
20 anos e é flamenguista desde o dia 2 de abril de 1992, "o dia em que nasci. Está no sangue."
Gustavo, além de utilizar seu twitter, @crfgustavo, escreve em dois blogs: o Flama do Flamengo e no Sou Rubro Negro e conversou um pouco comigo sobre o momento do Flamengo e também da seleção brasileira:
Gustavo, além de utilizar seu twitter, @crfgustavo, escreve em dois blogs: o Flama do Flamengo e no Sou Rubro Negro e conversou um pouco comigo sobre o momento do Flamengo e também da seleção brasileira:

1- Como não
poderia ser diferente, a primeira pergunta é o arroz da festa: Como você se
tornou flamenguista?
Acredito na famosa
frase que diz que todos nascem Flamengo e alguns degeneram. Aprendi a fazer
parte da torcida com meu pai, flamenguista que me levava para todos os cantos
da cidade para ver o Flamengo jogar. Achava o máximo a torcida, a empolgação de
todos, mesmo não tendo muita idade para compreender. Com o passar dos anos,
passei a gostar muito de esporte e a paixão pelo Flamengo cresceu mesmo com os
tempos difíceis entre 2001 e 2005. Nesses anos todos, o Flamengo se tornou
parte de mim.
2- Você não
é do Rio, já ouviu muitos comentários do tipo “você deveria torcer para times
locais”?
Já, muitas vezes. Entendo até o
ponto de vista do pessoal de querer a valorização dos clubes locais, mas paixão
não tem fronteiras e o Flamengo não é só uma propriedade do Rio de Janeiro. O
Flamengo é do mundo. Além do mais, não
se pode impor um amor na base da marra. Acho bobagem também querer colocar a
culpa do futebol local não dar certo por causa dos flamenguistas off-Rio.
3- Você tem
muitos seguidores no twitter e muita gente curte a pagina do seu blog no
facebook. Como você tornou-se um blogueiro e qual sua “chave para o sucesso”?
Bom, me tornei blogueiro através de convite
do pessoal via Twitter, onde também interajo muito falando sobre o Flamengo. O
pessoal curtiu meus comentários por lá e me chamaram, só lamento estar um pouco
afastado por conta de compromissos profissionais. Mas pretendo voltar a
escrever com mais frequência. Quanto à chave do sucesso, acredito que não
existe sucesso sem muito trabalho, muito amor pelo que faz (escrever e ser
Flamengo) e um pouco de sorte.
4- Para quem
não conhece, fale um pouco sobre o “Sou Rubro-Negro”:
O SouRubroNegro é um site em que não só eu mas diversos colaboradores
postam sobre o nosso Clube de Regatas. Tem humor, momentos sérios, bastante
opinião. O ponto forte é justamente essa variedade de estilos, de cultura, que
sempre acrescentam algo de diferente quando se fala sobre o clube.
5- O Manias
e Notícias tem algumas perguntas-chave no quadro de entrevistas, entre elas,
uma que foge um pouco do assunto Flamengo, mas o Brasil é, por muitos,
considerado o “país do futebol”. Como
você avalia esse título? Concorda? Claro! O brasileiro respira futebol todo o
tempo, em todo o lugar. Agora, por exemplo, durante a Eurocopa, o brasileiro
para o que estiver fazendo para ver algum jogo. É algo cultural nosso. Sem
falar que brasileiro adora jogar futebol, é o país mais vencedor da história do
esporte, então acho esse título justo sim.
6- Esse ano
teremos Olimpíadas, e a seleção já vem fazendo alguns amistosos. Qual sua
opinião sobre a situação atual da seleção brasileira? O momento atual da seleção brasileira é razoável, mas ao mesmo tempo
preocupante. Atualmente passamos por um processo de renovação de toda a equipe,
se livrando de jogadores mais antigos e colocando basicamente jovens jogadores,
sendo que a maioria deles vai jogar em Londres-12 em busca da medalha de ouro
inédita para o futebol brasileiro. O que me preocupa é: o Brasil ainda não
venceu um adversário de renome nesses dois anos. O grande teste será esses
jogos Olímpicos, que terá a base da seleção que jogará em 2014, com os jovens.
Em caso de vitória, Mano dá uma resposta para a torcida e prova que está indo
no rumo certo. Em caso de derrota, mostra que não estará preparado para uma
Copa, ainda mais em casa, onde existe a obrigação de ganhar.
7- E a Copa
2014? O Brasil está preparado? Nem seleção, nem estádios, nem estrutura. Até agora, nada. Mas tenho confiança que
faremos uma boa Copa dentro e fora dos gramados. Nada 100%, mas algo agradável
e que ficará na história.
8- Voltando
a falar do Mais Querido, conte-nos uma lembrança sua em relação ao Flamengo:
Tenho várias, mas vou falar do jogo que vi
do Flamengo aqui em São Luís, em 2006. A equipe tinha sido assumida pelo Ney
Franco recentemente e aproveitou o período da Copa do Mundo para excursionar e
se preparar para a final da Copa do Brasil contra o Vasco. O Nhozinho Santos
daqui recebeu público máximo e eu estava lá no meio da galera, vendo jogadores
que seriam campeões um tempo depois: Obina, Renato Augusto, Renato Abreu,
Leonardo Moura... foi sensacional, venceram o jogo por 3 a 2 contra um
selecionado maranhense e voltaram para o RJ pensando na final. E no fim das
contas, o Flamengo jogou a final e venceu. Já o Vasco... (risos).
9- E o dia
06 de dezembro de 2009, o dia do Hexa?
O dia do Hexa foi sem dúvidas o mais feliz da
minha vida. Não consegui dormir de sábado para domingo, só cochilei um pouco no
sofá de tão nervoso que estava. Passei a manhã de domingo o tempo todo em pé,
nervoso, elétrico. A tensão era tão grande que fui almoçar fora de casa para
sentir a energia do dia. E me arrepiei todo ao ver em toda São Luís o pessoal
vestindo vermelho e preto, sorrindo, em uma tarde linda de domingo. Ali percebi
que era tudo nosso. Cheguei à embaixada do Flamengo em São Luís e vi o local
lotado faltando duas horas para começar. Aquilo me arrepiou de cima a baixo. No
jogo, lembro-me de não ter esboçado muita reação com o gol do Roberson, do
Grêmio, já que não demorou muito para o empate com o David Braz. Já o gol do
título foi algo que nunca me esquecerei: Angelim subindo mais que todos, e a
torcida toda ensandecida, gente se abraçando sem se conhecer, gente ajoelhada
com as mãos para o céu, gente chorando, gente pulando. E lembro ainda de ter
fechado os olhos com o início dos três minutos de acréscimo, feito uma prece e
agradecendo a Deus e São Judas Tadeu por aquele momento. Confesso que foi
difícil terminar com o pessoal gritando que “estava chegando a hora”, mas deu
tudo certo. Quando acabou, lágrimas, carreatas mil, festa e muitas ligações de
amigos flamenguistas que choravam junto comigo ao telefone, amigos de outros times
elogiando, e até gente que não gostava de futebol, mas sabia o quanto aquele
momento era importante na minha vida como torcedor do Flamengo. Foi um dia
mágico.
10- Ultimamente
o Flamengo tem passado por alguns episódios pouco felizes com seus “ídolos”, o
mais recente é o caso do Ronaldinho Gaúcho. Qual sua opinião sobre toda essa
polemica gerada em cima do R10?
No
início, tudo indicava que essa parceria poderia dar certo, já que o Ronaldinho
é um jogador conhecido mundialmente e um craque. Mas por omissão do próprio
jogador em campo e fora dele, somado com os erros cometidos pela diretoria,
acabaram azedando essa relação, que teve esse final desastroso. Creio eu que o
jogador e seu empresário tiveram culpa nessa história, mas o principal culpado
disso tudo foi a diretoria do Flamengo, que deu corda para que isso tudo
ocorresse, desde a falta de empenho do jogador até o débito de salários,
passando pelo pouco marketing usado desde sua chegada. Poderíamos ter faturado
dentro e fora de campo com o Ronaldinho, mas isso acabou se tornando um
desastre de proporções catastróficas.
11- 2012 é ano
de eleição no Flamengo e já podemos fazer uma análise da gestão da Patrícia
Amorim. Você costuma acompanhar a política do clube? O que está achando da
nossa presidente? Sim, acompanho. Desde
o início eu tinha um pé atrás com a Patrícia, por achá-la desconhecida demais
para o cargo e por acreditar que em time que está ganhando não se mexe. E a
gestão dela está sendo um desastre total: escorraçou dois ídolos eternos do
clube, ganhou apenas um título em três anos de gestão, pegou um clube campeão
brasileiro e com a torcida que tem em um time inferior e sem atitude de
Flamengo, sem falar nessa história toda do Ronaldinho, que foi vexame atrás de
vexame. Até o basquete, outrora vencedor, não obteve mais conquistas fora as de
âmbito estadual. Preocupante essa situação, e tudo tende a piorar em caso de
reeleição dela.
12- Joel
Santana vem sendo muito criticado pelos torcedores, principalmente pela
característica de manter o time retrancado. Qual sua opinião sobre ele? Acho que o tempo do Joel já passou. Achei
até que ele poderia apresentar um desempenho satisfatório, como fez em 2005 e
2007, mas esse ano ele não agregou nada de diferente, nada produtivo. Pelo
contrário: o Flamengo conseguiu fazer um primeiro semestre horroroso, e nada
indica que o trabalho dele poderá render frutos num futuro próximo. Portanto,
sou a favor de sua saída do Flamengo por um treinador mais jovem, que esteja
com vontade de ajudar e melhorar o que está errado.
13- Qual é o
maior ídolo do Flamengo, no elenco atual?
Vágner
Love, sem sombra de dúvidas. Por ser identificado com a torcida, por ter feito
questão de voltar esse ano, por sempre ter lutado e feito os seus gols. Sem
falar que vem sendo o jogador de maior destaque nesse primeiro semestre
desastroso.
14- Agora sobre
os rivais, o Flamengo vive maltratando os adversários, você costuma ser muito
malvado com eles? Um pouco (risos).
Confesso não me importar muito com a zoação aos adversários, em ser malvado com
eles, por me preocupar primeiramente em ver o Flamengo vencer e não com os
rivais perdendo. Mas, claro, como o esporte favorito dos rivais é falar mal do
rubro-negro, temos sempre que dar o troco com alguma piada ou zoação. Faz parte
da rivalidade.
15- O Flamengo
é um time que tem grandes rivais em qualquer lugar que jogue, seja dentro, ou
fora do Rio, em sua opinião, atualmente, quem é o maior rival do Flamengo?
Pra mim, o maior rival do Flamengo sempre
será o Vasco. É um adversário histórico, confrontos épicos, finais
inesquecíveis, jogos emocionantes e muita rivalidade fora dos gramados. É o
nosso grande oponente desde sempre, não tem pra onde correr. De outros estados,
acho o São Paulo um grande rival nos últimos anos, já que foi uma equipe que
cresceu muito e chegou até a desbancar a hegemonia do Flamengo no Brasileirão.
Sem falar nos confrontos decisivos que tivemos contra eles nos últimos anos.
Sempre foram jogos difíceis e equilibrados.
16- Você
costuma frequentar estádios? Se sim, já foi vítima de violência durante os
jogos? Como você vê essas brigas entre torcedores e algumas vezes até mesmo
entre jogadores? Costumo, mas nunca fui
vítima de violência em jogos aqui. Volta e meia tem brigas entre torcidas aqui
em São Luís, mas não é tão comum. Sobre essas brigas de torcedores, acho uma
idiotice sem tamanho. Antes de torcer por um clube, amo a minha vida e a dos
outros, mas infelizmente tem gente que leva a sério isso e quer destruir um ser
humano só porque ele torce por um time rival. Absurdo. A rivalidade fica dentro
do campo, fora dele somos todos seres humanos e dividimos essa paixão em comum
que é o esporte.
17- Flamengo
não é só futebol. Você acompanha os outros esportes do clube?
Sim! Acompanho demais o FlaBasquete. Torço
muito, acompanho todos os jogos. É um esporte altamente tradicional dentro do
clube, é famosa a história de Gilberto Cardoso, ex-presidente do clube que
morreu do coração após uma vitória no esporte da bola laranja. Somos vitoriosos
demais nesse esporte, só lamento o fato de parte da torcida simplesmente não
ligar, achar isso bobagem e acreditar que o Clube de Regatas do Flamengo se
resume somente ao futebol.
18- Quem você
gostaria de ver usando o Manto Sagrado, e quem você tiraria do time?
Eu
faria uma bela limpa nesse elenco atual: Wellinton, Rodrigo Alvim e Negueba
seriam os primeiros a ir embora fácil. Quanto a jogador que gostaria de ver com
o manto sagrado, adoraria ver um meia criativo ao estilo do Petkovic e um
zagueiro raçudo nesse time.
Bate-bola, jogo rápido:
Flamengo: O maior clube do mundo, uma paixão que
carregarei para sempre.
Vasco, Botafogo, Fluminense: Os três patetas (risos).
Maracanã: O nosso campo sagrado, o
templo maior do futebol mundial.
Engenhão: Será sempre um estádio B. Por mais que tente, nunca chegará perto da
majestade que é o Maraca.
Um título inesquecível: São três: Copa Mercosul de 1999 (o primeiro
título que acompanhei com meu pai), o Carioca de 2001 (Petkovic aos 43 minutos)
e o Campeonato Brasileiro de 2009.
Mata-mata ou pontos corridos? Pontos corridos, somente por ter ajudado
muito os clubes brasileiros no quesito organização. Mas o mata-mata difere os
homens dos meninos.
Um campeonato: Copa Libertadores da América. Batalhas campais, altitude, bom futebol,
caldeirões lotados. Futebol em estado puro. Uma pena que o Flamengo já está há
31 anos sem conquista-la. A nova geração em que me incluo merece ver essa
conquista, assim como os mais velhos tiveram o prazer de ver Zico acabando com
o Cobreloa.
A nação: A torcida mais forte do mundo. Orgulho enorme em fazer parte dela.
Blog/ twitter: Gosto muito de colaborar nos blogs (SouRubroNegro e FlamaFla) e ainda
mais em escrever bobagem no Twitter. Como leitor, recomendo o FlamengoNet e o
Urublog, do Arthur Muhlenberg, que sempre leio e são inspiração.
Seleção Brasileira: Seleção mais vitoriosa do mundo. Tem que se
respeitar, aqui e em todo o planeta.
São Judas Tadeu: Padroeiro, milagreiro.
Tenho bastante fé nele.
Zico: O rei de todos os rubro-negros e meu ídolo maior no esporte. Um dos
meus sonhos é conhecê-lo.
Um vício: Esportes em geral. Incontrolável, mas é um prazer sempre acompanhar e
trabalhar com isso.
Um defeito: Entre os muitos que eu tenho, o pior é a ansiedade.
Uma virtude: A alegria. É difícil ter tempo ruim pra mim.
Felicidade: Ver o Flamengo vencer, ver as pessoas que fazem parte da minha vida bem
felizes e poder estar trabalhando com o que sonho desde moleque: jornalismo
esportivo.
Uma música: relacionada ao
Flamengo, Conte Comigo Mengão me emociona sempre. Fora isso, minha favorita é a
trilha de abertura do reality show de boxe “The Contender”.
Uma frase: “Acima de tudo, rubro-negro”
Espero que tenham gostado de ler, tanto quanto eu gostei de fazer!
Adorei e aproveito pra agradecer mais uma vez a participação do Gustavo!
Um grande abraço, nação! SRN!